quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pelas Janelas do Cotidiano


Hoje aconteceu algo muito diferente. Enquanto eu pegava o “ônibus”, normalmente, havia um único lugar vazio do lado de uma mulher com um carrinho de bebê e uma criança de colo, e ela quando me viu entrar me chamou e mostrou o lugar ao seu lado  oferecendo-o para eu sentar. Cansada, com calor e com sacolas nas mãos, aceitei e sentei ao seu lado. Logo a avó da criança entregou para a mãe uma lata de refrigerante o que fez uma outra criança que estava sentada no banco mais alto da circular vir correndo até onde estávamos para  poder beber também, e nesse “meio” tempo um cara sentou em seu lugar o que fez ela ficar em pé. Mas, eu não iria deixar ela em pé e ofereci o “meu” lugar, que pensado bem era pra ter sido dela desde o começo, e ao mesmo tempo em que me preparava para levantar ela veio para se sentar no meu colo. Achei isso muito estranho, na verdade a estranha ali era eu, porque uma criança aceitaria sentar no colo de alguém que ela nunca viu antes? Eu respondo: Porque maldade é coisa de adulto. A viagem inteira a menina que não deveria ter mais que seus 6 ou 7 anos passou no meu colo, conversou comigo, contou sobre a cor de sua casa, perguntou sobre a minha bolsa, olhou meu “colar” e até deitou em meu colo dizendo que “iria dormir”; e ao mesmo tempo em que ela “dormia”, sua irmãzinha estendeu  a mão para que eu segurasse. E assim a “viagem” seguiu. Quando chegou o ponto delas, se despediram e desceram, e eu fiquei com uma sensação muito boa, não sei explicar ao certo, mas é aquela sensação que só sinto quando estou com “crianças”.
Mas, onde eu quero chegar com tudo isso? Simples. Provavelmente não verei aquelas “crianças” tão cedo. Mas, quantas pessoas incríveis você conheceu e nunca mais viu? Aquela pessoa engraçada da fila interminável do banco, no supermercado, no hospital, ou até mesmo no ponto de circular. Quantas vezes você não começou seu dia melhor devido ao “Bom Dia” desejado pela pessoa que estava varrendo a calçada as seis horas da manhã. Ou se sentiu bem quando aquela criança de colo, que nem fala ainda, te deu o sorriso mais gostoso?
São tantas as pessoas que passam por nossas vidas, cada uma com suas experiências pessoais nos fazendo crescer e conhecer histórias inimagináveis e incríveis. Pessoas simples, com um “sorriso” maroto nos fazendo reparar em como a vida segue um rumo para cada um, e de alguma forma essa mesma “vida” nos fez encontrar com aquelas pessoas, naqueles lugares, naquele momento.  E quantas vezes você parou para pensar que o seu “Bom Dia”, o seu “Muito Obrigado”, “Desculpa”, “De Nada”, não fez a diferença no dia de alguém que tinha tudo para ser “mais um”? A verdade, é que não acredito que os dias sejam apenas “mais um”, todos os dias são “o dia”, o dia para você rir, chorar, contagiar o mundo com a sua felicidade/tristeza e deixar-se ser contagiado pela dos outros. Cada dia é a sua única chance, única chance de conhecer aquela pessoa sensacional, de oferecer um ombro amigo, ou apenas andar por ai distribuindo “sorrisos”.
É como dizem: “cada pessoa que passa em nossa vida deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós" e isso acontece todos os dias. Se observarmos, compreenderemos que cada olhar é diferente, que cada um tem suas manias, defeitos e imperfeições, e juntos, completamos um todo. Precisamos uns dos outros, porque com o tempo tudo o que construímos, tudo o que conquistamos, tudo o que sonhamos, tudo o que somos se vão, e cabe a nós deixarmos como herança tudo o que temos de bom. Vivendo para sermos as melhores pessoas que conseguirmos ser. 
Andresa Angeli!